O nematoide reniforme (Rotylenchulus reniformis Linford & Oliveira 1940) é um importante patógeno radicular de diversos cultivos de interesse econômico em regiões tropicais e subtropicais, sendo relatado associado às culturas de melão, maracujá, tomate, soja e algodão, no Brasil. Durante muito tempo, R. reniformis foi considerado um nematoide de importância secundária, mesmo sendo detectado com relativa freqüência em amostras de solo. Isto se deve, provavelmente, à ausência de sintomas característicos nas plantas parasitadas, diferentemente do que ocorre com os nematoides das galhas (Meloidogyne sp.), de ocorrência mais comum no Brasil.
O estádio infectivo são as fêmeas jovens e R. reniformis é um semi-endoparasita sedentário típico que, após a penetração nas raízes do hospedeiro, inicia o parasitismo de células diferenciadas da endoderme (sincício), permanecendo com mais de dois terços da parte posterior do corpo para o exterior, adquirindo, assim, o comportamento sedentário. Com a evolução do parasitismo e a maturação dos órgãos reprodutivos, a fêmea aumenta de volume, adquirindo o formato de um rim, característica que origina a denominação "reniforme".
Embora tenha capacidade de parasitar uma ampla gama de hospedeiros, o nematoide reniforme é especialmente importante para as culturas de soja e algodoeiro, nas quais pode causar sérias perdas. Em algodoais, sua distribuição no campo normalmente é mais uniforme que a de Meloidogyne sp. Plantas parasitadas por R. reniformis apresentam sintomas reflexos de subdesenvolvimento e aspecto irregular de desenvolvimento da lavoura. De maneira geral, as plantas mantêm a coloração normal e os sintomas podem ser confundidos com problemas de compactação de solo, encharcamento, ou deficiência nutricional. As raízes, embora subdesenvolvidas, não mostram sintomas claros e apenas em laboratório é possível, com clareza, se observar as fêmeas nas raízes.
As plantas de algodoeiro, quando infestadas pelo nematoide reniforme, são menores e apresentam as folhas medianas com clorose internerval, podendo evoluir para necrose internerval. O sintoma foliar é semelhante ao causado por Meloidogyne sp., e também é conhecido como “folha carijó”. As raízes das plantas infestadas por R. reniformis são pouco desenvolvidas, com reduzido número de raízes secundárias, e podem apresentar solo aderente.
Opções para a rotação de culturas são: arroz (Oryza sativa), milho (Zea mays), sorgo (Sorghum bicolor), milheto (Pennisetum glaucum), cana-de-açúcar (Saccharum spp.), trigo (Triticum aestivum), capim Rodes (Chloris gayana), feijão-mungo (Phaseoulus aureus), mostarda (Brassica nigra), amendoim (Arachis hypogeae) e algumas espécies de crotalárias (Crotalaria breviflora, C. lanceolata e C. mucronata). A destruição dos restos culturas do algodoeiro seguido do plantio de uma cobertura vegetal como o milheto é muito recomendável, pois diminui a população do nematoide reniforme, evita sua reprodução em ervas daninhas e impede sua disseminação pelo vento ou por enxurradas. Por outro lado, algumas plantas devem ser evitadas, como soja e fumo, por serem boas hospedeiras do nematoide reniforme.
Para mais informações, consulte:
- Costa Manso, E.S.B.G.; Tenente, R.C.V.; Ferraz, L.C.C.B.; Oliveira, R.S., Mesquita, R.1994. Catálogo de nematóides fitoparasitos encontrados associados a diferentes tipos de plantas no Brasil. EMBRAPA/CENARGEN, 488p.
- Asmus, G. L. 2008. Ocorrência e manejo do nematóide reniforme em Mato Grosso do Sul. EMBRAPA Agropecuária Oeste, 3p.
Fotos:
- Edward G. McGawley (NemaPix, 1997)
- Guilherme L. Asmus (Embrapa Agropecuária Oeste, 2008)